1. Libermann sublinha a promoção humana integral como caminho de evangelização.
Libermann dá especial atenção à caridade na sua conceção do serviço de Deus. Esta perspetiva esteve também na origem das preocupações vocacionais de Tisserant e de Le Vavasseur, que, movidos por um amor nascido da fé, se sentiram interpelados e tocados pela realidade do sofrimento e da injustiça vividos pelos mais desfavorecidos nos seus respectivos contextos sociais: os escravos negros. Libermann segue a mesma linha de compreensão da fé.
Na sua famosa carta missionária à comunidade de Dakar e do Gabão, em 1847, podemos apreciar o seu pensamento profundo sobre a caridade, tanto comunitária como apostólica:
“Como verdadeiros homens de comunidade, deveis cuidar da vossa santificação e da dos vossos queridos confrades e irmãos. (…) Vivei juntos na paz e na mais perfeita união da caridade, suportai-vos uns aos outros; suportai as vossas faltas, suavizai as vossas dores mútuas, aliviai os vossos confrades, não os julgueis; amai-os e sede brandos para com eles, mesmo quando vos causarem desgosto” (Antologia Espiritana, pp. 272-273).
Não julgueis segundo o que vistes na Europa, segundo o que vos habituastes a ver na Europa; despojai-vos da Europa, dos seus costumes, do seu espírito; fazei-vos negros com os negros, e julgá-los-eis como devem ser julgados; Fazei-vos negros com os negros para os formar como eles devem ser, não à maneira europeia, mas deixai-lhes o que lhes é próprio; fazei-vos a eles como os servos se devem fazer aos seus senhores, aos costumes, maneiras e hábitos dos seus senhores, e isto para fazer deles, pouco a pouco, a longo prazo, um povo de Deus. “ (Antologia Espiritana, pp. 275-276).
Libermann estava tão interessado em promover a dignidade dos “negros pobres” que elaborou um projeto e propôs à Propaganda Fide para formar um clero e um laicado negros.
“O projeto era criar um estabelecimento para acolher jovens negros de todas estas regiões (…) De entre estes jovens, seriam escolhidos os mais piedosos e capazes para os formar para os estudos superiores e para os fazer progredir para o sacerdócio (…)” (Antologia Espiritana, p. 340).
Trata-se de promover a dignidade humana em todas as suas dimensões, sem distinção.